O Reisado
chegou ao Brasil através dos colonizadores portugueses, que ainda conservam a
tradição em suas pequenas aldeias, celebrando o nascimento do Menino Jesus. Em
Portugal é conhecido como Reisada ou Reseiro.
No Brasil é
uma espécie de revista popular, recheada de histórias folclóricas, mas sua
essência continua a mesma, com uma mistura de temas sacros e profanos.
O Reisado é
formado por um grupo de músicos, cantores e dançarinos que percorrem as ruas
das cidades e até propriedades rurais, de porta em porta, anunciando a chegada
do Messias, pedindo prendas e fazendo louvações aos donos das casas por onde
passam.
A
denominação de Reisado persiste ainda em Alagoas, Sergipe e Bahia. Em diversas
outras regiões o folguedo é chamado de Bumba-meu-boi, Boi de Reis, Boi-Bumbá ou
simplesmente, Boi. Em São Paulo é conhecido como Folia de Reis, onde a festa é
composta de apresentações de grupos de músicos e cantores, todos com roupas
coloridas, entoando versos sobre o nascimento de Jesus Cristo, liderados por um
mestre.
Fazem parte
do espetáculo os “entremeios” (corruptela de entremezes), pequenas encenações
dramáticas que são intercaladas com a execução de peças, embaixadas e batalhas.
Os personagens são tipos humanos ou animais e seres fantásticos humanizados, cheios
de energia e determinação.
O folguedo
do ciclo natalino é comemorado em várias regiões brasileiras, principalmente no
Norte e Nordeste, onde ganhou cores, formas e sons regionais. Em Alagoas,
constitui-se numa representação dramática, normalmente curta e pobre de enredo,
acompanhada e precedida de canto.
Em Sergipe,
é apresentado em qualquer época do ano e não apenas nas festas de Natal e Reis.
Os temas de seu enredo variam de acordo com o lugar e o período em que são
encenados: amor, guerra, religião, entre outros.
O Reisado
apresenta diversas modalidades e é composto de várias partes: a abertura ou
abrição de porta; entrada; louvação ao Divino; chamadas do rei; peças de sala;
danças; guerra; as sortes; encerramento da função.
A música no
Reisado está sempre presente. O Mestre é o solista, sendo respondido pelo coro
a duas vozes. Os instrumentos utilizados alternadamente são: a sanfona, o
tambor, a zabumba, a viola, a rebeca ou violão, o ganzá, pandeiros, pífanos e
os “maracás”, chocalhos feitos de lata, enfeitados com fitas coloridas.
Há uma
grande variedade de passos nas danças do Reisado, entre os quais pode-se
destacar: do Gingá, onde os figurantes de cócoras se balançam e gingam; da
Maquila, um pulo pequeno com as pernas cruzadas e balanços alternados do corpo
para os lados, passo também exibido pelos caboclinhos; Corrupio, movimento de
pião com o calcanhar esquerdo; Encruzado, cruzando-se as pernas ora a direita à
frente da esquerda, ora ao contrário.
Tem como
personagens principais o Mestre, o Rei e a Rainha, o Contramestre, os Mateus, a
Catirina, figuras e moleques.
O Mestre é o
regente do espetáculo. Utilizando apitos, gestos e ordens, comanda a entrada e
saída de peças e o andamento das execuções musicais. Usa um chapéu forrado de
cetim, de aba dobrada na testa (como o dos cangaceiros), adornado com muitos
espelhinhos, bordados dourados e flores artificiais, de onde pendem fitas
compridas de várias cores; saiote de cetim ou cetineta de cores vivas, até a
altura dos joelhos, enfeitado com gregas e galões, tendo por baixo saia branca,
com babados; blusa, peitoral e capa.
O traje do
Rei deve ser mais bonito e enfeitado. Veste saiote ou calção e blusa de mangas
compridas de cores iguais, peitoral, manto de cores diferentes em tecido
brilhante (cetim ou laquê); calça sapato tênis (tipo conga), meiões coloridos e
na cabeça uma coroa feita nos moldes das dos reis ocidentais, semelhante à das
outras figuras, porém encimada por uma cruz; levam nas mãos uma espada e, às
vezes, também um cetro. Durante o cortejo os Reis vêm na frente, logo atrás do
Mestre e do Contramestre. A Rainha é representada por uma menina, com vestido
“de festa”, branco ou rosa, uma coroa na cabeça e um ramalhete de flores nas
mãos.
O
Contramestre é o responsável pelo Reisado na ausência do Mestre. Seu traje é
semelhante ao daquele, só que menos pomposo.
Os Mateus,
que sempre aparecem em dupla, usam trajes diferentes dos outros figurantes:
vestem paletós e calças de tecido xadrez, usam um grande chapéu afunilado que
chamam de cafuringa, com espelhos e fitas coloridas, óculos escuros, rosto
pintado de preto, geralmente com tisna de panela ou vaselina e levam nas mãos
os pandeiros. São os personagens cômicos do Reisado, junto com a Catirina.
Conhecida
antigamente como Lica, a Catirina é a noiva do Mateus. Veste-se de preto, traz
um pano amarrado na cabeça, o rosto pintado de preto e um chicote nas mãos, com
o qual corre atrás das moças e crianças.
As outras
figuras formam o coro do Reisado, que participam ativamente apenas nas
batalhas, nas danças e no canto, quando respondem ao solo do Mestre. Formam
duas fileiras simétricas, organizadas hierarquicamente e posicionadas uma do
lado direito outra do lado esquerdo do Mestre. É uma das tradições populares
mais ricas e apreciadas do folclore brasileiro, principalmente na região
Nordeste.
FONTES
(LINK): http://www.fundaj.gov.br/Fonte: Reisado: O que é o Reisado.
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