(Miguel Alves – PI)
Uma mulher cujo nome não se faz necessário revelar, solitária e sofrida, foi envolta em uma aura de mistério e suspeita. Sua aparência macabra, com cabelos longos que se assemelhavam a uma peruca, cabeça redonda e mãos desproporcionalmente grandes e imóveis, gerava um ar de ocultismo ao seu redor. Dizem que a mesma foi amaldiçoada por manter uma relação extraconjugal e libidinosa com seu “compadre de filho”, fato que causara repúdio entre os moradores da antiga Miguel Alves dos anos 50. No entanto, o que mais chamava a atenção era o fato de Joana sempre usar um relógio em um dos braços, o mesmo braço em que a Porca de Relógio ostentava seu próprio relógio durante suas aparições noturnas.
A Porca de Relógio, com sua forma imponente e aterrorizante, assolava as ruas da cidade. Seus grunhidos angustiantes ecoavam pela madrugada, causando calafrios naqueles que ousavam cruzar seu caminho. Contam-se histórias arrepiantes de encontros com a criatura nas encruzilhadas sinistras e estradas isoladas. Muito se falava de que quem fosse mordido perla fera receberia para si a maldição de transformar-se naquele monstro. Alguns afirmam ter sido perseguidos implacavelmente, enquanto outros relatam o desaparecimento de entes queridos, deixando para trás apenas o rastro do medo.
A presença do Animal Diabólico desencadeou um verdadeiro pânico na cidade. Os pais, temendo pela segurança de seus filhos, proibiam-nos de sair durante a noite, mantendo-os trancados em seus lares. A vida noturna da comunidade foi envolvida em um véu de trevas, enquanto a sombra da criatura se estendia sobre Miguel Alves.
Em meio ao caos e ao terror, surgiu uma mulher cujo destino ficou entrelaçado com o da Porca de Relógio. Era ela quem sempre usava um relógio no mesmo braço que a fera durante suas aparições. A suspeita recaiu sobre essa mulher solitária, cuja aparência peculiar e ligação misteriosa com a criatura alimentavam os rumores sinistros.
Enquanto a cidade vivia em um estado de apreensão, os moradores voltavam seus olhares desconfiados para a mulher suspeita. Ela carregava consigo um segredo obscuro, um segredo que poderia revelar a verdade por trás da Porca de Relógio. Porém, antes que qualquer conclusão pudesse ser tirada, a mulher desapareceu, deixando apenas uma trilha de mistério e incerteza.
A lenda da Porca de Relógio perdurou pelos anos, transmitida de geração em geração. A criatura assombrou os pesadelos dos moradores de Miguel Alves, deixando-os com uma sensação de vulnerabilidade e horror. O relógio em seu braço.
O relógio em seu braço se tornou um símbolo sombrio, associado ao mistério e à escuridão que envolvia a cidade. A Porca de Relógio tornou-se uma figura lendária, retratada em histórias de terror e contos assustadores. Ainda hoje, as pessoas sussurram seu nome com medo e respeito, lembrando-se das noites em que a criatura aterrorizava Miguel Alves.
Mesmo com o passar dos anos, a verdadeira identidade da Porca de Relógio e o destino da mulher suspeita permaneceram ocultos, de domínio de alguns poucos homens corajosos que chegaram a presenciar o ato grotesco da transformação dentro de um curral que ficava próximo ao Igarapé. Todos já partiram para o além e se com pareceram, em vida, ao confessionário, os párocos também já partiram para outra. A lenda continua viva, envolta em mistério e especulação, deixando espaço para interpretações sombrias e teorias sinistras. Sobre a mulher suspeita também recaíram acusações de bruxaria e a hipótese de ser queimada em uma fogueira como Joana D’Arque.
A história da Aberração serve como um lembrete assustador de que o desconhecido e o sobrenatural podem habitar as sombras mais profundas de nossas vidas. Miguel Alves nunca mais foi o mesmo após a chegada da criatura, e as marcas do terror que ela deixou para trás ainda podem ser sentidas nos corações daqueles que se atrevem a lembrar.
A Criatura, com sua forma grotesca e aterrorizante, permanece como uma presença etérea nas lendas urbanas do Piauí. Sua história serve como um alerta sobre os mistérios ocultos que se escondem nas ruas escuras e nos cantos mais sombrios das cidades. Aqueles que se aventuram a desvendar os segredos da Porca de Relógio são confrontados com o desconhecido e com a própria natureza obscura da humanidade.
Assim, a lenda da Porca de Relógio continua a assombrar os sonhos dos moradores de Miguel Alves, relembrando-nos de que, mesmo nas noites mais silenciosas, o mal pode espreitar nas sombras e deixando-nos com arrepios na espinha e uma sensação duradoura de que nem tudo o que é real pode ser explicado.
Frederico A. Rebelo Torres – Escritor
Para o blog Causos Assustadores do Piauí
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