Foto: Divulgação
Taxidermia está sendo concebida no PI dede modo que a atividade tem ampla utilidade
A arte de restaurar animais mortos, dando a eles um aspecto de vida, é conhecida como taxidermia. O que poucos sabem é que no Piauí a prática ganhou um novo conceito com a criação do Museu Taxidérmico Centro de Ciências Interativas, no Monte Castelo, em Teresina.
Taxidermia está sendo concebida no PI dede modo que a atividade tem ampla utilidade
A arte de restaurar animais mortos, dando a eles um aspecto de vida, é conhecida como taxidermia. O que poucos sabem é que no Piauí a prática ganhou um novo conceito com a criação do Museu Taxidérmico Centro de Ciências Interativas, no Monte Castelo, em Teresina.
Com isso, foi abolido o abate de animais e o uso de químicos e sintéticos como era feito na forma tradicional e o trabalho do taxidermista passou a ser um canal de incentivo à consciência ecológica e vetor de desenvolvimento educacional, econômico e social, com a aplicação no turismo, nas escolas e no aproveitamento do potencial do semi-árido e dos rios.
A taxidermia praticada no Piauí, ao invés de formol, cânfora e arsênio para conservar os bichos, utiliza a farinha de mandioca e serragens, e em vez do abate, reaproveita animais mortos em acidentes nas rodovias piauienses.
Esta nova maneira de conceber a arte milenar, que será exposta na IV Feira de Arte e Cultura da Nação Piauí, em Brasília, de hoje até domingo, foi criada pelo taxidermista e técnico em conservação de arte rupestre Genivaldo Camêlo de Castro. Para ele, isso vem a calhar com a filosofia de respeito à ecologia e à legislação ambiental.
Genivaldo Camêlo revelou que o Piauí é pioneiro nas técnicas de Taxidermia Permacultural, que usa combinações químicas naturais ao invés de químicos e sintéticos, e da Taxidermia Dermoplástica, que disseca os animais sem a realização de incisões. Ele explicou que isso ajuda a humanizar o ambiente dos museus do gênero por evitar o risco de mau cheiro, tanto de produtos químicos quanto de animais estragados.
“Antes se fazia o abate de animais para produção de uma peça para estudo e exposição. Existe até um estudo que diz qual é o calibre da arma ideal para este tipo atividade. Mas isso não faz mais sentido em pleno século XXI, quando todos os cidadãos devem levar consigo o ideal da preservação da natureza.
Por isso, adotamos a idéia de recolher animais silvestres mortos nas estradas e bichos mortos por acidente na rede elétrica. No museu, por exemplo, há o caso de uma coruja que morreu eletrocutada. A gente fez a taxidermia com uma técnica diferente, que é a Dermoplástica, através da qual não se faz incisões no animal”, explica.
Com a técnica, ele usa objetos da própria natureza para dar forma aos animais mortos, como o espinho de tucum ao invés de agulhas. Genivaldo utiliza colas naturais recolhidas na mata, goma, casca de aroeira, serragem de cedro e farinha de mandioca.
Genivaldo divulga a taxidermia na Nação Piauí
Durante a feira dos piauienses em Brasília, Genivaldo vai aproveitar para divulgar a taxidermia, que tem uma relação próxima com o meio rural, e repassar as novas técnicas da arte para os visitantes.
Além disso, ele quer aproveitar a ida à capital federal para conseguir apoio para alguns projetos de sua autoria que visam melhorar a atividade no Piauí, como o projeto de criação do "Museu Taxidérmico Itinerante", que deve ser instalado em uma carreta e do "Ponto de Cultura Rio Abaixo, Rio Arriba" que fará um resgate histórico do Rio Parnaíba.
"Com estes projetos, o Piauí terá um salto de qualidade muito grande, tanto do ponto de vista da arte, da geração de empregos, do turismo e do ensino, como da melhoria do sistema de museus", acrescenta.
"Na feira, vou mostrar o que o Piauí tem de melhor nesta área em termos de cenário nacional e espero abrir canais para conseguir recursos para a realização de projetos que vão melhorar a taxidermia, que passou à condição de arte de museu no período do Iluminismo, em 1867".
Campanha educativa
No caso do trânsito, ele explicou que há registro nas rodovias do Piauí de motoristas que desviaram o seu percurso para atropelar e matar animais silvestres. "Isso é um crime e há punição prevista na legislação para quem faz isso.
Então, a Taxidermia pode ser usada para fazer uma campanha educativa entre os motoristas de todo o país para se mostrar também a importância dos animais para o equilíbrio ambiental e resgatar o amor dessas pessoas para com a nossa fauna. Então, com essa idéia, o Piauí também é pioneiro já que não temos conhecimento de iniciativa semelhante em outros Estados", acrescentou.
Arte pode combater a pobreza
Com a experiência de quem criou o primeiro museu voltado exclusivamente para a Taxidermia no Piauí, Genivaldo Camêlo de Castro disse que a arte, dentro do novo conceito criado por ele, é um importante instrumento de combate à pobreza. Segundo ele, o couro de um bode, que no semi-árido custa entre R$ 8,00 e 10,00, pode ser vendido por até R$ 1.200,00 após um trabalho de taxidermia.
Para ele, o mesmo pode ser aplicado nas regiões ribeirinhas. "As pessoas que vivem nestas áreas vendem um quilo de peixe por 6 reais. Se essas pessoas passarem a realizar a Taxidermia, elas vão poder vender um único peixe por 15 reais, então há uma agregação de valor de imediato.
E a venda será fácil porque já existe o interesse das pessoas de terem um peixinho taxidermizado em casa", explica Genivaldo. Ele frisou que este trabalho poderia ser feito em escala comercial como já ocorre na África do Sul.
Ele acrescentou que, com a Taxidermia, o ensino ecológico nas escolas e a educação de trânsito podem ter uma melhoria significativa. De acordo com o taxidermista, uma única peça taxidermizada permite que os alunos tenham em sala de aula inúmeros informações sobre fauna, flora, botânica, química e arte.
Ponto resgata história do Parnaíba
Com o projeto do Ponto de Cultura "Rio Abaixo, Rio Arriba" e do Museu Taxidérmico Itinerante, Genivaldo Camêlo afirma que será possível resgatar toda a história do Rio Parnaíba, explicando que isso, certamente, iria trazer muitas surpresas e conhecimentos para a sociedade.
Segundo ele, no rio já foi encontrado um peixe conhecido como Bico de Agulha e até um surubim de 85 quilos há 40 anos. "Em termos de variedades de peixes, o Rio Parnaíba tem um peculiaridade importante.
A região do Bico de Agulha fica entre Miguel Alves e União, de Porto para lá, tem a manjuba, que é de água doce e salgada. Esses tipos de peixes não existem por aqui. Então, uma pesquisa detalhada no rio vai ser muito enriquecedora para as atuais e futuras gerações", conclui Genivaldo.
Matéria reproduzida, publicada em 14/12/2008
Fonte: Jornal Meio-norte
Publicado Por: Redação blog: Miguel Alves Ponto de Cultura
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