Poema do miguelalvense Domingos Martins
Fonseca, o Maior Repentista do Brasil.
Cedo deixei
a minha terra amada,
Levando
n'alma uma saudade ingente,
Julgando em
breve transformar-se em nada,
Mas,
enganei-me, contínuo ardente
Sendo poeta,
não julguei que fosse
Meu peito um
cofre de saudade infinda,
Minha
esperança ao voltar, findou-se,
Mas a
saudade permanece ainda.
Segue meus
passos, vai comigo à cama,
Está junto
de mim quando desperto;
Sempre ao
meu lado, contemplando o drama
Dos viajores
sem destino certo.
Moço eu já
tenho padecido tanto,
Que a
própria vida não me satisfaz;
Meu coração é
como um campo santo
Onde só mora
quem não vive mais.
Irmãos,
irmãs, meu velho pai e minha
Querida mãe,
já falecidos são;
Dessa
fartura que eu outrora tinha,
Resta-me
apenas, a recordação.
Eu sou
culpado do que me acontece,
Ninguém
minora os sofrimentos meus,
Pois
acredito que até Deus esquece
O filho
ingrato que abandona os seus.
Guardo em
meu peito o mais fiel retrato
De minha
terra, meu primeiro abrigo;
Eu reconheço
que estou sendo ingrato,
Mas minha
"Terra, também foi comigo".
Fez-me
partir em lagrimas banhado,
Qual barco
errante sem seguro porto,
Razão porque
hoje sou um torturado
Por saudade,
tristeza e desconforto.
Para não ser
meu sofrimento eterno,
Para que
chegue ao fim minha agonia,
Tu me
prometes teu perdão materno,
E eu te
prometo regressar um dia!
COSTA,
Pedro; A Maestria do Rei do Repente: Domingo Martins Fonseca. Editora Funcor:
2013. p33
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